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Foto do escritorHono Gestão

Problemas complexos deverão ser cada vez mais constantes nas nossas vidas. Então, como resolvê-los?


 

Neste exato momento em que redijo estas linhas, o mundo se vê diante de um dos maiores desafios já enfrentados pela humanidade: a proliferação de uma pandemia com consequências catastróficas para os sistemas de saúde e econômicos da grande maioria dos países. Em um caso como esse, não há soluções prontas, existem mais dúvidas do que certezas e a luta é diária na busca pelo caminho de saída. Estamos vivendo certamente uma situação extrema, no entanto, ela ilustra uma realidade que deverá ser cada vez mais constante na vida de todos nós: a necessidade de resolução de problemas complexos. Daqui em diante, os desafios terão complexidades cada vez maiores e é fundamental que estejamos cada vez mais preparados para enfrentá-los.


Observando como a pandemia atual vem sendo tratada no mundo e acrescentando minha experiência no auxílio à gestão de várias organizações, listo aqui quatro fatores que contribuem fortemente na solução de problemas de alta complexidade:


1) Ausência de “agendas ocultas”: este talvez seja o fator mais difícil de garantir dentre os quatro. Conhecer profundamente os reais interesses das pessoas por trás das ações que realizam não é uma tarefa trivial. Todos nós carregamos conosco uma série de experiências e crenças que direcionam nossas ações ao longo da vida e que, muitas vezes, acrescentam vieses inconscientes nas nossas atitudes que podem ser prejudiciais aos resultados que desejamos alcançar. Sendo assim, é condição primordial que as pessoas envolvidas na resolução de um problema complexo estejam genuinamente desprovidas de quaisquer interesses pessoais, de forma que todos os caminhos de solução propostos sejam racionalmente avaliados. Este ambiente de ausência de interesses pessoais pode ser conquistado ao se incentivar entre as pessoas relações de confiança, ética, transparência e respeito às eventuais divergências. A criação deste contexto é um excelente passo inicial quando nos deparamos com problemas complexos;


2) Cooperação irrestrita: em ambientes de alta complexidade, quanto maior o nível de conhecimento existente, melhor. Sendo assim, é lógico compreender que as soluções para desafios complexos são facilitadas quando se reúne pessoas com conhecimentos e visões de mundo complementares e, algumas vezes, até divergentes. O debate respeitoso, a discussão a partir de vários ângulos diferentes são extremamente benéficos quando necessitamos solucionar questões com grande complexidade. Nesse momento, não deve haver nenhum tipo de restrição na cooperação: seja de visões políticas, religião, classe social, etnia, ou qualquer outro tipo. A única variável que deve ser eliminada é a quebra de algum valor fundamental de convivência entre as pessoas, como por exemplo, a ética. Excetuando este ponto, nada pode ser visto como entrave para a aquisição de conhecimento. O importante é reunir as pessoas mais estudiosas sobre o assunto no mundo, juntamente com aquelas de experiência comprovada no tema e aproveitar ao máximo suas complementaridades para a resolução do problema;


3) Existência de uma coordenação central: tenho visto ao longo da minha experiência nas empresas que a autonomia é um fator crítico para o sucesso do trabalho dos times. A autonomia, quando bem gerenciada, contribui para pessoas mais felizes, mais motivadas e, consequentemente, propícias a entregar resultados melhores. Ao mesmo tempo, percebo que esse ciclo virtuoso é potencializado quando há uma coordenação central com o objetivo de facilitar o diálogo entre os membros dos times, dar apoio nas eventuais dificuldades e até mesmo direcionar quando necessário. Em problemas complexos, testes precisam ser realizados, hipóteses precisam ser discutidas e, quando há mediação realizada por um organismo central, o trabalho torna-se mais produtivo. Isso não significa retirar a autonomia das pessoas, os times de especialistas é que devem, de fato, propor as soluções e executar aquelas que forem validadas. No entanto, quando esses times possuem um órgão central que consegue facilitar o trabalho, os resultados são potencializados;


4) Utilização de um método: os três fatores acima já facilitam muito o caminho para encontrar soluções para problemas complexos e, quando auxiliados por um método, a combinação se torna praticamente infalível. Podemos entender método como o conjunto sequenciado de ações que precisam ser realizadas para o alcance de determinado objetivo. Esse conjunto de ações abrange: a) a correta identificação do problema a ser trabalhado, por meio da definição dos indicadores de desempenho que precisam ser gerenciados; b) o conjunto de análises que precisa ser realizado para melhor entendimento do problema; c) a correta identificação das causas fundamentais geradoras do problema; d) a elaboração das ações para bloqueio destas causas; e) a execução disciplinada das ações, bem como a capacitação das pessoas para esta execução; f) a verificação periódica da efetividade das ações realizadas no alcance dos objetivos e, finalmente, g) a adição de eventuais novas ações e padronização daquelas que trouxeram bons resultados. Esse conjunto de ações, quando seguido à risca, é uma arma poderosa para se solucionar problemas.



Espero verdadeiramente que a prática destes quatro fatores possa auxiliá-los a solucionar os problemas que encontrarem nos seus percursos. Essa capacidade de resolução será determinante para a evolução e até mesmo sobrevivência da humanidade. Mãos à obra!

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